quarta-feira, 23 de março de 2011

CONJUNTOS HABITACIONAIS PARA ESTUDO

UNIDADE DE HABITAÇÃO DE MARSELHA - França
LE CORBUSIER


CONJUNTO HABITACIONAL DA BOUÇA - Portugal
ÁLVARO SIZA VIEIRA


MORADIA ESTUDANTIL DA UNICAMP - São Paulo
JOAN VILLÀ

QUINTA MONROY - Chile
ELEMENTAL


ZEZINHO MAGALHÃES PRADO - São Paulo
VILANOVA ARTIGAS

CONDOMÍNIO RESIDENCIAL EM COTIA - São Paulo
JOAN VILLÀ E SÍLVIA CHILE

A HISTÓRIA DO BNH

A criação do Banco Nacional da Habitação (BNH) em 1964 tem como objetivo a construção de moradias, predominando os conjuntos habitacionais, afim de solucionar o problema das remoções das favelas, muitas vezes marcadas por episódios de grande violência. E também financiar a casa própria para determinados segmentos da população.

O modelo institucional do BNH se caracterizou pela centralização na gestão, ausência de participação social, desarticulação nas políticas setoriais, preferência por grandes obras em busca do custo-benefício em grande escala e incorporação da lógica dos agentes promotores. Algumas destas características, no entanto, foram responsáveis pela maior intervenção governamental em toda a história das cidades brasileiras, com o financiamento de mais de 4,5 milhões de moradias, centralizando todos os recursos disponíveis para a habitação e grande parte destinada ao saneamento.

A dificuldade de atingir os estratos sociais de mais baixa renda, entretanto, impediu que esta política de construção de conjuntos habitacionais interrompesse o circuito da produção informal da moradia, transformando-se, ela mesma, muitas vezes, em problema, não só pela baixa qualidade das soluções habitacionais propostas, em termos construtivos e estéticos, como em termos urbanísticos, sendo muitas vezes responsáveis por processos de periferização e de favelização das suas imediações.

Como sinal do início do processo de revisão da postura governamental frente ao problema habitacional, ainda no final da década de 1970, foram implementados alguns "programas alternativos" que buscavam incorporar a autoconstrução atuando também na urbanização de favelas. Esta revisão buscava se antecipar a uma crítica da sociedade brasileira com relação à política habitacional vigente.

Na primeira metade da década de 1980, os programas alternativos de urbanização de favelas já começavam a se consolidar dentro do BNH, quando a instituição foi afetada pela forte crise financeira internacional e pelo debate contra as práticas autoritárias da ditadura, ocorreu um processo de fragmentação institucional interno que culminou com a sua extinção em 1986.

O vácuo deixado pela extinção do BNH teve efeito devastador tanto no financiamento de programas e projetos quanto na construção de referências, que só foram substituídas gradativamente no final da década de 1980 e ao longo da década de 1990, por iniciativas de programas habitacionais e de urbanização de favelas, por parte das administrações municipais. Estes programas se constituíam como um novo padrão de política, partindo de outros pressupostos ancorados principalmente na necessidade de construção de um pacto social com a comunidade.

REVISÃO TEÓRICA

SISTEMA CONSTRUTIVO: Pode ser definido como um conjunto de elementos
combinados em um todo, organizado para servir a um objetivo comum. Ainda, um
sistema construtivo é um sistema de produção, conjunto de processos construtivos,
cujo produto objeto é um edifício.

TECNOLOGIA: Conjunto de conhecimentos sistematizados empregados na criação,
produção e difusão de bens e serviços.

TECNOLOGIA CONSTRUTIVA: É um conjunto sistematizado de conhecimentos
científicos e empíricos, relacionados a um modo específico de se construir um edifício
(ou parte dele) e empregados na criação, produção e difusão deste modo de construir.

INDUSTRIALIZAÇÃO: O processo de industrialização, ou no sentido amplo da
organização dos processos de produção, na construção tem objetivos de conseguir
uma economia do trabalho requerido na produção de uma unidade, aumento da
produção, aumento da qualidade e redução do seu custo. Não existe construção não industrializada, mas sim diferentes modos de construir com diversos níveis de
industrialização.

INDUSTRIALIZAÇÃO DA CONSTRUÇÃO é um processo que por meio de
desenvolvimentos tecnológicos, conceitos e métodos organizacionais e investimentos
de capital, visa incrementar a produtividade e elevar o nível de produção nos canteiros.
Assim, através da RACIONALIZAÇÃO DA CONSTRUÇÃO este desenvolvimento pode
ocorrer pelo incremento progressivo do nível de organização no processo de produção,
sem a necessidade de novas técnicas, métodos ou materiais.

RACIONALIZAÇÃO: O lógico da industrialização que um dado processo de produção
atinge a sua máxima eficiência quando todos os aspectos deste processo são
adequadamente organizados. A racionalização da construção é um processo complexo
pois não é fácil encontrar soluções ótimas (a maior eficiência) para problemas que
envolvam um grande número de variáveis intervenientes dentro e fora do canteiro. A
racionalização se constitui como uma ferramenta da industrialização.

INDUSTRIALIZAÇÃO = RACIONALIZAÇÃO + MECANIZAÇÃO.
RACIONALIZAÇÃO É ELIMINAR DESPERDÍCIOS

RACIONACIONALIZAÇÃO CONSTRUTIVA é um processo composto de todas as
ações que tenham por objetivo o uso de recursos materiais, humanos, organizacionais,
energéticos, tecnológicos, temporais e financeiros disponíveis na construção em todas
as suas fases.

INTRODUÇÃO

A carência habitacional vista no mundo, agravada principalmente depois das Guerras Mundiais, pôs em discussão a produção em larga escala de habitações para a população de baixa renda. Com isso, muitos conjuntos habitacionais foram criados no mundo, a fim de amenizar essa carência, mas essa produção ainda não atingiu níveis toleráveis de conforto para seus habitantes. Os espaços mínimos, o barateamento da construção, a má insolação e ventilação, as técnicas usadas, os materiais de má qualidade e os erros estruturais são alguns fatores que agravam as precárias condições de vida dos cidadãos.
Com o intuito de melhorar algumas dessas questões e principalmente reduzir os custos das obras, que em muitas vezes são financiadas pelo poder público ou instituições privadas, a industrialização da habitação mínima aderiu à utilização de técnicas construtivas variáveis da produção civil.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Marcelo Tramontano, “Habitação, Hábitos e Habitantes: Tendências Contemporâneas”

“É verdade que as principais tipologias habitacionais, encontráveis, por exemplo, nas periferias das grandes cidades do mundo inteiro, permanecem aproximadamente as mesmas há décadas. O Movimento Moderno europeu do entre-guerras constituiu o primeiro e único momento em toda a história da Arquitetura em que o desenho e a produção de espaços de morar foram integralmente revistos, analisados de acordo com critérios claramente formulados, cujos resultados nortearam - e ainda norteiam - boa parcela de projetos de habitação em todo o mundo ocidentalizado. (...) No entanto, os arquitetos Modernos previram uma habitação prototípica, que correspondia a um homem, a uma cidade, a uma paisagem igualmente prototípicos em sua formulação. Criaram um arquétipo, o da habitação-para-todos, baseado em uma concepção biológica do indivíduo, mas a abrangência das proposições que ele continha foi sendo gradativamente desconsiderada pela lógica técnico-financeira dos empresários da construção, que preferiram apropriar-se apenas de elementos e conceituações economicamente rentáveis. É este arquétipo Moderno da 'habitação-para-todos', mesclado aos princípios da repartição burguesa oitocentista parisiense, que veio sendo reproduzido ad infinitum, em todo o mundo de influência ocidental, durante todo o nosso século, com pequena variação local, destinado a abrigar, basicamente, a família nuclear. No entanto, estudiosos de diferentes horizontes têm apontado na mesma direção quando o assunto é a metrópole do século XXI: seu habitante parece ser um indivíduo que vive, principalmente, sozinho, que se agrupa eventualmente em formatos familiares diversos, que se comunica à distância com as redes às quais pertence, que trabalha em casa mas exige equipamentos públicos para o encontro com o outro, que busca sua identidade através do contacto com a informação. O que tem a dizer a Arquitetura diante deste quadro, se é que o tema Habitação já não lhe escapou de vez por entre os dedos para tornar-se atribuição de investidores e usuários que não possuem outra referência senão os modelos citados? Segundo quais critérios serão formuladas novas propostas para o desenho deste espaço?”.

Fonte: http://novasformasdemorar.blogspot.com/